A expressão “caititus”, que se popularizou antes mesmo do início da campanha eleitoral, continua sendo um dos principais símbolos da disputa política nos bastidores de Parauapebas. Essa metáfora, supostamente inspirada em orientações do governador Helder Barbalho a seus aliados, escancara as fissuras de uma base política movida por interesses próprios e pela velha prática do fisiologismo.
Durante a transição de governo, Aurélio Goiano fez uma promessa ousada: eliminar os chamados caititus de sua gestão. Reforçou essa mesma fala dias atrás, durante uma inauguração no HGP. Mas a grande dúvida que paira no ar é: terá ele força para cumprir essa promessa ou será forçado a engolir alianças indigestas?
“Um governo se constrói com aliados, mas jamais deve ser refém deles.”
Por ora, a realidade aponta para um cenário contraditório. Muitos dos aliados que marcharam ao lado de Aurélio durante a eleição encontram-se fora do governo, enquanto figuras ligadas ao grupo de Darci—adversários declarados do atual prefeito—já ocupam cargos estratégicos em diversas secretarias, com salários generosos e influência política crescente.
Esse arranjo tem causado indignação entre os apoiadores fiéis de Goiano, que se veem preteridos, enquanto antigos adversários são premiados com poder. No entanto, o prefeito ainda tem tempo para corrigir o curso—se realmente quiser romper com o passado.
Os Desafios da Reconstrução e o Peso do Passado
Aurélio Goiano herdou uma prefeitura devastada, marcada por dívidas, contratos suspeitos e uma máquina pública desorganizada. Reconstruir Parauapebas será um trabalho árduo, que exigirá, acima de tudo, lealdade e comprometimento de sua equipe. Mas o maior teste do prefeito pode estar dentro da Câmara Municipal.
Muitos dos vereadores eleitos ainda fazem parte da antiga estrutura política de Darci, incluindo Léo Márcio, atual líder de governo, cujo padrinho político é Branco da White, uma das figuras mais influentes da gestão anterior.
“Quem carrega o peso do passado dificilmente avança rumo ao futuro.”
O desafio de Aurélio Goiano será provar que a era Darci realmente ficou para trás. Mas a pergunta que se impõe é: Léo Márcio está disposto a romper seus laços políticos? Ou o governo de Aurélio continuará refém das mesmas práticas que tanto criticou na campanha?
A Sombra do Passado na Assistência Social
Um dos exemplos mais emblemáticos desse dilema está na Secretaria de Assistência Social, agora comandada por Neil Armstrong. Em pouco tempo, a pasta já identificou diversos problemas herdados da antiga gestão, muitos deles ligados ao círculo político do atual líder de governo.
A questão é: Neil terá autonomia para corrigir os erros do passado ou será silenciado?
Além disso, diversas secretarias foram sucateadas por vereadores que, no passado, as transformaram em feudos políticos. Aurélio Goiano precisa estabelecer limites claros para os novos aliados da Câmara, que historicamente atuam como um câncer político em Parauapebas.
Outro ponto de forte tensão são as indicações para cargos estratégicos. Muitos vereadores da antiga base de Darci agora se dizem apoiadores de Aurélio Goiano, mas a ocupação desses espaços levanta questionamentos.
Aurélio Goiano terá que encontrar o equilíbrio entre alianças políticas e a manutenção de uma gestão ética e eficaz. Afinal, bastam cinco vereadores insatisfeitos para desestabilizar seu governo—e os caititus sabem bem como usar essa carta.
Surpresas e a Força das Redes Sociais
Curiosamente, Aurélio Goiano e sua equipe têm sido pegos de surpresa com revelações feitas nas redes sociais.
Recentemente, uma lista de indicações para o SAAEP, assinada pelo vereador Elias, gerou grande repercussão negativa. Em resposta, Aurélio Goiano demitiu todos os indicados e obrigou Elias a sugerir novos nomes, agora sem vínculos diretos com sua base política.
Outro episódio que causou alvoroço foi a descoberta de que a noiva do vereador Leandro Chiquito estava lotada no gabinete de Aurélio Goiano—um fato que gerou críticas severas da opinião pública.
“Um aliado mal escolhido pode ser pior que o pior dos inimigos.”
Nos próximos dias, novas nomeações serão anunciadas, e a grande pergunta que ecoa nos bastidores políticos e nas redes sociais é:
Aurélio Goiano cumprirá sua promessa e fará o tão esperado pente-fino para eliminar os caititus?
Ou sua gestão será engolida pelo jogo político que ele tanto criticou?
Essa resposta será determinante para o futuro de Parauapebas—e para o legado que Aurélio Goiano deseja construir.
A cidade observa—e a paciência do eleitor tem prazo de validade.
